• Conheça nosso jeito de fazer contabilidade

    Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Vestibulum sit amet maximus nisl. Aliquam eu metus elit. Suspendisse euismod efficitur augue sit amet varius. Nam euismod consectetur dolor et pellentesque. Ut scelerisque auctor nisl ac lacinia. Sed dictum tincidunt nunc, et rhoncus elit

    Entenda como fazemos...

Notícia

Entenda a discussão nos Brics para substituir o dólar e por que Trump fez ameaças

Presidente eleito gerou polêmica no fim de semana ao dizer que, se Brics substituírem o dólar, os Estados Unidos vão taxar produtos desses países em 100%. Presidente Lula é um dos principais defensores de uma alternativa ao dólar

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, causou alvoroço na comunidade internacional no fim de semana ao ameaçar com uma tarifa de 100% produtos dos países do grupo dos Brics caso eles substituam o dólar norte-americano por outra moeda em suas transações.

A discussão dentro dos Brics, de fato, existe e tem no presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, um de seus maiores entusiastas.

Entenda abaixo o que significaria substituir o dólar nas negociações dentro dos Brics e por que Trump é tão contrário a essa ideia. Os pontos que a reportagem vai abordar são:

  • Quem são os Brics?
  • Peso econômico e demográfico
  • O papel do dólar no comércio global
  • Por que os Brics querem reduzir a dependência do dólar?
  • Lula também defende substituição do dólar
  • A reação de Donald Trump
  • Iniciativas dos Brics até aqui

Quem são os Brics?

O grupo dos Brics foi fundado em 2006 e reunia, na época: Brasil, Rússia, Índia e China. Na fundação, se chamava apenas "Bric", "tijolo", em inglês, e derivava da inicial do nome de cada país membro. O termo havia sido cunhado cinco anos antes pelo economista britânico Jim O´Neil, que entendia que esses países emergentes seriam os pilares (tijolos) da economia mundial em no máximo cinquenta anos.

Posteriormente, a África do Sul entrou para o Brics, e a letra "S" foi adicionada. Lula presidia o Brasil na época da criação do grupo e sempre foi defensor dessa aliança estratégica entre os maiores países emergentes para obter mais espaço na economia mundial e dos órgãos de governança global, dominados pelas potências ocidentais.

Em 2023, o grupo foi ampliado com a entrada de outros seis países: Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos.

Peso econômico e demográfico

Alguns dados para evidenciar o tamanho dos Brics na economia mundial são:

  • Representam 46% da população mundial.
  • O PIB combinado dos membros do grupo ultrapassa o das potências ocidentais, segundo as projeções do Fundo Monetário Internacional.
  • Economias do bloco incluem a China (2ª maior do mundo), Índia (7ª), Brasil (9ª) e Rússia (11ª).

Isso não significa, a princípio, que os Brics juntos são mais poderosos que as potências tradicionais. Isso porque suas economias ainda são emergentes, ainda há muita pobreza dentro de seus países e seus poderios bélicos ainda não superam o dos países mais desenvolvidos.

Também há o fato de que os Brics não são um grupo coeso, nem politicamente nem culturalmente. Basta ver o pouco que, por exemplo, Brasil e Rússia compartilham como ideais para a democracia, o comércio ou a geopolítica mundiais.

O papel do dólar no comércio global

Desde o Acordo de Bretton Woods, em 1944, o dólar tornou-se a moeda-padrão no comércio internacional. Sua aceitação universal e a ligação com instituições financeiras globais solidificaram sua posição como referência mundial.

Transações comerciais entre países, incluindo membros do Brics, tradicionalmente envolvem a conversão de moedas locais para o dólar.

Só que essa dependência gera vulnerabilidade às flutuações do dólar e à política monetária dos Estados Unidos, impactando economias emergentes.

Por que os Brics querem reduzir a dependência do dólar?

Um dos motivos é justamente a vulnerabilidade em caso de oscilações na política monetária dos Estados. O país vem sendo estável economicamente há várias décadas, o que torna remoto o risco a curto prazo de as transações em dólar virarem um problema para os emergentes.

Mas há outros motivos — especialmente geopolíticos — pelos quais os Brics estão discutindo a substituição.

Um deles foi exclusão de bancos russos do sistema SWIFT, após o país presidido por Vladimir Putin ter invadido a Ucrânia, há 2 anos e 11 meses. Essa foi uma das sanções sofridas pela Rússia desde então.

  • O SWIFT (Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication) é um sistema de mensagens global utilizado por instituições financeiras para realizar transações financeiras de maneira segura e padronizada

Excluída do SWIFT, a Rússia passou a reivindicar transações em outras moedas, que não o dólar, para não ficar muito dependente do sistema internacional e não ver suas transações minguarem.

A China, grande parceira comercial da Rússia, tem se aproveitado para incentivar as negociações em sua moeda local, o yuan, como forma de fortalecer sua economia.

No ano passado, quando a Argentina enfrentava um agravamento de sua crise financeira que já se arrasta há anos, a China financiou o país sulamericano em yuan. A Argentina estava com dificuldade de obter fundos em organismos internacionais.

Para a China, portanto, uma maior influência do yuan em relação ao dólar é um passo crucial em seu objetivo de ultrapassar os Estados Unidos como maior economia do mundo.

Reproduzir vídeo

Reproduzir

--:--/--:--

Silenciar som

Minimizar vídeoTela cheia

Discurso de Lula no Brics inclui apelos contra mudança climática e crítica às guerras

Lula também defende substituição do dólar

Lula é um dos principais defensores, dentro dos Brics, da adoção de moeda alternativa.

"O bloco deve avançar na construção de um sistema financeiro menos dependente do dólar, fortalecendo o Novo Banco de Desenvolvimento e a cooperação econômica entre seus membros", disse ele durante a cúpulas dos Brics no mês passado, realizada em Kazan, na Rússia.

Ano passado, na China, ao lado do presidente Xi Jinping, Lula já havia defendido enfaticamente a medida.

“Por que não podemos usar nossas próprias moedas no comércio entre os Brics? Quem decidiu que o dólar seria a moeda universal? É hora de fazer as coisas de forma diferente”, questionoui

A reação de Donald Trump

É nesse contexto que entra a fala de Trump, postada por ele em uma rede social:

“Exigimos que esses países se comprometam a não criar uma nova moeda do Brics, nem apoiar qualquer outra moeda que substitua o poderoso dólar americano. Caso contrário, sofrerão tarifas de 100% e deverão dizer adeus às vendas para a maravilhosa economia norte-americana.”

Ele também chamou a ideia de substituir o dólar de “absurda” e afirmou: “Eles podem procurar outro ‘otário’. Não há nenhuma chance dos Brics substituírem o dólar americano no comércio internacional.”

Essa declaração combina com as ideias de protecionismo que Trump vem defendendo desde a campanha eleitoral. Ele quer elevar tarifas para produtos de fora dos EUA que sejam vendidos no país.

Ele já declarou que, ao tomar posse, em janeiro, vai impor:

  • Tarifas de 25% sobre produtos do México e Canadá.
  • Tarifas adicionais de 10% sobre importações chinesas, como resposta ao tráfico de fentanil.

Iniciativas dos Brics até aqui

Rússia e China têm liderado lideram o uso de moedas nacionais em transações bilaterais, como forma de minimizar os efeitos das sanções ocidentais.

Além disso, no ano passado, o Banco Central do Brasil firmou um memorando de entendimentos com o Banco Central da China para facilitar transações comerciais diretas entre o real e o yuan, sem a necessidade de conversão para o dólar americano. Essa medida visa agilizar e reduzir os custos das operações comerciais entre os dois países.

O Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), chamado de Banco dos Brics, financia projetos em moedas locais, reduzindo a dependência de instituições ocidentais, como o FMI e o Banco Mundial.

Mas a substituição do dólar nas transações do bloco ou a criação de uma moeda própria dos Brics ainda não é uma perspectiva no curto prazo.