• Conheça nosso jeito de fazer contabilidade

    Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Vestibulum sit amet maximus nisl. Aliquam eu metus elit. Suspendisse euismod efficitur augue sit amet varius. Nam euismod consectetur dolor et pellentesque. Ut scelerisque auctor nisl ac lacinia. Sed dictum tincidunt nunc, et rhoncus elit

    Entenda como fazemos...

Notícia

Estados e DF apresentam superávit primário de R$ 41,6 bilhões em 2022

Valor representa queda de 65,7%, em termos nominais, em relação a 2021, segundo o Boletim de Finanças dos Entes Subnacionais

Em 2022, o resultado primário dos estados e DF sob a ótica de caixa (despesa paga) foi superavitário em R$ 41,6 bilhões, o que representa queda de R$ 79,9 bilhões (65,7%), em termos nominais, frente ao montante observado em 2021 (R$ 121,5 bilhões). O valor corresponde a cerca de 0,3% do PIB em 2022, frente a um resultado primário de aproximadamente 0,9% do PIB em 2021. Os entes terminaram o ano com um aumento de R$ 63 bilhões em seus estoques de caixa e equivalente de caixa.

As informações estão no Boletim de Finanças dos Entes Subnacionais, divulgado nesta quarta-feira (6/12) pelo Tesouro Nacional. Editado desde 2016, o documento apresenta dados fiscais padronizados e apurados segundo os conceitos do Manual de Demonstrativos Fiscais (MDF) e do Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP) com o objetivo de aumentar a transparência e estimular as discussões sobre as finanças de estados e municípios.

Já o resultado orçamentário, que é calculado pela diferença entre as receitas arrecadadas e todas as despesas empenhadas no exercício, foi superavitário em R$ 36,7 bilhões, apresentando uma queda de 19,11% (R$ 8,7 bilhões) em relação a 2021. A necessidade de financiamento dos entes em 2022 atingiu R$ 21 bilhões, revertendo cenário de capacidade de financiamento observado em 2021.

De acordo com o Boletim, apesar de os estados ainda estarem em uma boa situação fiscal ao se considerar a série histórica, verificou-se no ano uma retomada no aumento de despesas, como de pessoal e outras despesas correntes, sem um aumento de receitas no mesmo ritmo.

No período, foi observada uma diminuição no ritmo de crescimento das receitas no conjunto dos estados e DF, especialmente em razão da queda na arrecadação de ICMS nos setores de combustíveis e energia elétrica, explicada parcialmente pelos impactos das leis complementares 192 e 194, ambas de 2022. Enquanto a primeira alterou o sistema de cobrança do imposto sobre combustíveis, a segunda limitou a alíquota de ICMS sobre os combustíveis, o gás natural, a energia elétrica e os serviços de transporte coletivo à alíquota das operações em geral. Com isso, os estados tiveram que adequar as alíquotas cobradas nesses produtos à alíquota modal, gerando perda de arrecadação de ICMS.

No ano, 22 estados apresentaram variações reais positivas nas suas receitas primárias, sendo os maiores aumentos observados no Pará (13,7%), em Santa Catarina (11,0%) e no Amapá (9,3%). Por outro lado, foram observadas variações negativas no Rio Grande do Sul (-9,7%), no Distrito Federal (-4,2%), em Alagoas (-3,8%), no Rio de Janeiro (-3,6%) e em Minas Gerais (-1,6%)

As receitas de arrecadação própria mostraram variações bastante distintas, já que 12 estados e o DF perderam arrecadação em termos reais, enquanto os demais auferiram ganhos. Pará (16%) e Santa Catarina (11,4%) foram os estados com as maiores variações positivas nesse tipo de receita, enquanto as maiores quedas foram observadas em Alagoas (-17,1%) e no Rio de Janeiro (-16,2%).

Já a participação das receitas de transferências no total de receitas primárias dos estados e DF subiu 25,4% entre 2021 (R$ 271 bilhões) e 2022 (R$ 340 bilhões), com aumento para a maioria dos entes. Os estados do Amapá (73%), do Acre (69%) e de Roraima (67%) apresentaram os maiores percentuais de receita de transferência em relação às receitas primárias, enquanto os menores índices foram verificados em São Paulo (16%), Rio Grande do Sul (17%) e Santa Catarina (18%).

O Boletim traz o detalhamento das transferências especiais feitas no ano. Dentro do exercício de 2022, o montante total pago para as transferências previstas na Lei Orçamentária Anual (LOA 2022) foi de R$ 1,62 bilhão, sendo que 93% desse valor foram para municípios. Dentre os estados, os maiores beneficiários das transferências especiais foram Bahia (R$ 26,9 milhões), Minas Gerais (R$ 13,1 milhões) e Amapá (R$ 12,5 milhões). Quando consideradas as transferências especiais pagas a municípios, tem-se que os maiores montantes foram destinados a Minas Gerais (R$ 165,5 milhões) e São Paulo (R$ 163,4 milhões).

As receitas dos estados com operações de crédito somaram R$ 16 bilhões ao fim de 2022, um aumento de R$ 5 bilhões quando comparado a 2021. No ano, os estados que apresentaram os maiores percentuais de receitas de operações de crédito em relação à receita corrente líquida foram Alagoas (6,9%), Goiás (6,7%) e Amazonas (5,2%).

Pelo lado da despesa, 24 estados e o DF apresentaram aumento real nas despesas primárias entre 2021 e 2022, sendo as exceções os estados do Rio Grande do Sul (-6,5%) e de Goiás (-2,4%). De acordo com o Boletim, o aumento da despesa com pessoal, de outras despesas correntes e dos investimentos no ano de 2022 foi superior à inflação verificada no ano (IPCA de 5,79%), o que significa que o aumento real das despesas primárias ocorreu em decorrência de todos os seus componentes.

Na decomposição por tipo de despesa, observa-se que 25 estados apresentaram aumento real nos gastos com pessoal em 2022. Os estados que apresentaram as maiores elevações nessa rubrica foram Roraima (17,3%), Pará (12,9%) e Santa Catarina (12,1%). Paraná (-5,1%) e Rio Grande do Sul (-2,8%) foram os únicos estados a apresentar redução real em despesa com pessoal.

Quando considerados os valores ajustados pelos Tesouro Nacional seguindo os padrões do MDF e do MCASP e acordados no Programa de Acompanhamento e Transparência Fiscal e no Programa de Reestruturação e de Ajuste Fiscal (ambos denominados PAF), verifica-se que o quadro geral foi de aumento dos gastos com pessoal, com mediana da elevação real de 6,4%. Rio Grande do Sul (-2,1%), Paraná (-4,6%) e Amapá (-6,9%) apresentaram redução da despesa de pessoal sob essa ótica, enquanto os demais tiveram aumento, com destaque para Pernambuco e Espírito Santo, com crescimentos superiores a 20%.

O Boletim apresenta ainda simulação da relação entre a despesa de pessoal e a receita corrente líquida, caso todos os estados utilizassem a metodologia do Tesouro Nacional, para efeito de cumprimento do “limite de alerta” estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal (despesa de pessoal superior equivalente a 54% da receita corrente líquida). De acordo com os dados, Amapá, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Roraima não conseguiriam respeitar esse limite.

A relação investimento total/receita corrente líquida apresentou alta significativa, de 30,8%, entre 2021 e 2022. A relação de investimento feitos com recursos próprios em relação ao investimento total cresceu 2,2% no ano, passando de 81,2% para 83% no período analisado. Isso sinaliza que, em termos agregados, os estados e DF estão menos dependentes de transferências de capital e de operações de crédito para investir.

As informações fiscais individuais para cada estado e para o Distrito Federal podem ser acessadas em painel interativo na internet, em Fichas dos estados - Informações Fiscais - Tesouro Transparente.

Municípios e capitais

O resultado orçamentário agregado dos municípios foi superavitário em R$ 53 bilhões em 2022, uma redução de R$ 39,6 bilhões (-42,74%) em relação a 2021.

A receita corrente municipal aumentou R$ 171,4 bilhões (19,6 %), puxada pelo crescimento da arrecadação própria (25,0%) e pelas receitas de transferência, que representaram mais de R$ 100,7 dos R$ 171,4 bilhões do aumento das receitas correntes, refletindo um forte aumento nas transferências do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), de 25,4%, ou R$ 34,7 bilhões.

Nas receitas de arrecadação própria, o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) teve aumento nominal de R$ 16,5 bilhões, enquanto o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) aumentou R$ 6,7 bilhões. A elevação da arrecadação própria deve-se tanto ao desempenho dos impostos municipais quanto à categoria “Outras”, composta pelas Outras Receitas Correntes, Receita Patrimonial e Receitas de Contribuições, cujo crescimento ficou em R$ 74,5 bilhões.

Já nas receitas de transferência, além do aumento no FPM, foi observado crescimento de R$ 10,8 bilhões em termos nominais (7,0% em termos relativos) na receita de transferência do ICMS. Já a categoria “Outras”, que concentra as transferências de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS), além das transferências de recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e da cessão onerosa dos campos de petróleo, aumentou R$ 48,6 bilhões.

As receitas de capital dos municípios cresceram R$ 13,0 bilhões no período, influenciadas principalmente pelo aumento de R$ 11,2 bilhões em outras receitas de capital.

Pelo lado das despesas, verificou-se aumento de R$ 179 bilhões em despesas correntes (24,5%), sendo a maior elevação observada na rubrica Outras Despesas (R$ 103 bilhões). Já a despesa com pessoal, que responde por mais de 50% do total das despesas correntes nos municípios, mostrou elevação tanto no componente relacionado a ativos (17,2%), quanto nas despesas com inativos (15,0%). Ambos os valores aumentaram mais que o IPCA, que foi de 5,8% em 2022.

As despesas com juros e encargos da dívida dos municípios aumentaram R$ 1,3 bilhão (22,3%) no ano. Tendência similar pôde ser observada para a amortização da dívida, que cresceu R$ 1,2 bilhão (6,3%). Por fim, sob o efeito do aumento de 76,7% dos investimentos, as despesas de capital subiram R$ 45,1 bilhões.

O Boletim traz uma análise apartada dos indicadores financeiros das capitais, como o nível de endividamento, que mostra qual percentual da receita corrente líquida (RCL) de um exercício seria consumido caso toda a dívida consolidada do município fosse paga. Florianópolis aparece em primeiro lugar como a capital mais endividada, apresentando um índice de 66,6%, seguida pelo Rio de Janeiro, com 53,3%. Na outra ponta, situa-se Boa Vista, com um índice de 10,6%.

Já o indicador de autonomia financeira, que analisa a proporção de receita própria do município em relação à receita total, revela que todas as capitais dos estados do Centro-Oeste, Sul e Sudeste possuem índice de arrecadação própria acima de 40%. Na liderança nacional encontra-se o município de São Paulo, com 73,2% de arrecadação própria, enquanto Macapá, na outra ponta, arrecada apenas 26,6% de sua receita total.

O Boletim traz ainda análises dos indicadores de solvência fiscal, financiamento de investimentos, rigidez das despesas e planejamento das capitais.

Todas as edições do Boletim de Finanças dos Entes Subnacionais estão disponíveis no Portal Tesouro Transparente.