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Crédito a empresas deve passar por retomada

Depois de um início de ano com quedas no saldo de crédito para pessoa jurídica, o pequeno e médio empresário parece estar retomando confiança no cenário macroeconômico para voltar a investir.

Depois de um início de ano com quedas no saldo de crédito para pessoa jurídica, o pequeno e médio empresário parece estar retomando confiança no cenário macroeconômico para voltar a investir. Esta é a conclusão da pesquisa de confiança dos empresários de pequenos e médios negócios no Brasil (IC-PMN), divulgada pelo Insper (ex-Ibmec São Paulo) e Grupo Santander Brasil.

Segundo os dados do levantamento, o índice apontaria uma tendência de perspectiva otimista para o terceiro trimestre do ano. Em uma escala de 0 a 100, em que 50 seria a neutralidade, o IC-PMN alcançou 64,3 pontos, ante 57,2 na medição na medição anterior, referente ao segundo trimestre do ano.

Para o vice presidente de Produtos Pessoa Jurídica Varejo do Banco Santander, Ede Viani, a demanda por crédito foi muito impactada pela turbulência econômica, porém é esperado uma reativação junto com a melhora da economia. O executivo diz ainda que o banco notou que, nesse cenário em que muitas empresas que estavam financiando seu crescimento, precisaram de uma readequação de prazos.

"Muitos setores tiveram de readequar seu fluxo de caixa por conta da crise. O que fizemos nesses casos foi alongar os prazos de pagamento para se adequar ao caixa", diz.

O economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Rubens Sardenberg, confirma que já há sinais de uma certa retomada da expansão do crédito no País. "Houve uma maior cautela por parte do tomador com o crescimento do desemprego, porém os últimos números, de abril, já mostram um crescimento do crédito ao consumo para indivíduos e aumento da média diária na pessoa física."

Para empresas, completa ele, o resultado ainda está um pouco abaixo, porém já há indicadores de melhora. "Indicações preliminares das instituições financeiras apontam para essa retomada no crédito também na pessoa jurídica", antecipa.

Segundo dados do Banco Central, o crédito para pessoa física teve um crescimento de 5,2% até abril de 2009, em relação à dezembro do ano passado, a saldo de R$ 286,7 bilhões. Só em abril, o crescimento foi de 1,8%, ante março. A média diária das concessões teve um incremento de 7,6% em relação à março, a R$ 2,679 bilhões em crédito concedido por dia.

Na pessoa jurídica, no entanto, houve um recuo de 0,5% no saldo de abril ante o mês anterior e de 1,3% no ano, a R$ 386,267 bilhões. Na média diária, a queda foi de 2,2% em relação à março, com R$ 4,485 bilhões concedidos por dia.

Para o professor e pesquisador do Centro de Pesquisas em Estratégia José Luís Rossi, o índice mostra essa tendência de melhora. "A perspectiva de investimentos da indústria melhorou para o próximo trimestre. Ainda não vai chegar aos níveis de 2008, mas já há melhora em relação ao segundo trimestre", diz. O IC-PMN apontava uma perspectiva de investimentos de 56,3 pontos no segundo trimestre, próximo à neutralidade. Para o período de julho a setembro, chegou a 62,4 pontos, mostrando um crescimento no otimismo com a economia.

Em relação à inadimplência, o economista da Febraban diz que o panorama é melhor do que se imaginava. "O cenário é mais benigno do que o esperado. Em pessoa física está estável. Para empresas, porém, ainda deve subir um pouco, mas ainda na conta do que se projetava." Por isso, completa, esse incremento não deve acarretar aumento no spread.

Portanto, ainda segundo Sardenberg, dentro desse cenário que se desenha, as taxas devem continuar recuando, uma vez que não há motivos para aumento de provisões para devedores duvidosos dentro das instituições nos próximos meses. Os balanços do primeiro trimestre apresentados pelos grandes bancos mostraram níveis recordes de despesas com provisão contra operações em atraso, o que mostra uma cautela maior das instituições.